quinta-feira, 28 de abril de 2011

Medo

Quem é ele aquela coisa sem forma,
que chega sem demora
prá me alertar do perigo ?

Quem é ele que me traz hesitação
em meios as perturbações
ao querer entender o desconhecido?

Quem é ele que desde a infância somos amigos,
não tem pé nem cabeça,
mas vive a correr atrás de mim?


Ele é o medo!
Que estás sempre comigo
e não me faltas quando preciso!





sábado, 23 de abril de 2011

Certos momentos- Recordações do Câncer

Viajando no tempo, revivendo o passado eis que eu vejo uma menina-mulher a se olhar no espelho e a pentear seus cabelos viçosos e longos, quando de repente uma pilha de cabelos nos pentes e lágrimas se dilatando em seus olhos...


Nos reprises de minha tão curta memória vejo também uma adolescente carregada em uma maca e vários homens de brancos ao redor dizendo tão linda e tão nova, coitada!

Percorrendo o tempo que não caíra em esquecimento, percebo o quanto as palavras marcam,
se aquele mulher soubessem o quanto me fizeste bem ver beleza em um rosto doente com certeza ficaria feliz, pois bem nunca esqueci, como também não esqueci os livros que recebi de uma certa pessoa...

 À quem diga, porém, que um olhar valem mais do que mil palavras, pois bem, ainda lembro-me como me sentia com os tais olhares de pena que recebia toda vez que uma pessoa diferente me via...

Entretando, os olhares mais marcantes foram o da minha irmã dilacerando lágrimas quando descobriu a inimiga de sua  irmã, o do meu pai que chorava nos pés da cama pedindo desculpa pelas maldades que jamais fizeste contra sua filha e o da minha mãe quando não entendia direito o que sua filha tinha...

A mulher maravilha mora na televisão, eu era apenas uma menina sem heroísmo, que não entendia direito a dimensão do que estava acontecendo comigo mesma. Vejo-me na cama chorando, deitada, sem forças, suplicando para Deus a morte, pois bem sorte minha que Ele não me obedeceu e me deu apenas forças para lutar contra a doença...


Recordo-me da minha indiferença com a dita cuja. Eu queria continuar a viver como uma adolescente normal, a frequentar os grupos de jovens que eu gostava, a estudar, a namorar, enfim, a fazer tudo o que gostava, mesmo que diversas vezes eu voltasse para casa aos prantos chorando de tanto dor...


Por diversas vezes fui corajosa, a querer viajar para o hospital  por estar sentindo dor, apesar de entender que hospital é sinônimo de sofrimento. Fui medrosa, mimada e estúpida, deu gritos a sentir a dor de um exame de medula óssea e briguei com a minha irmã para não sentir mais a dor das picadas de agulhas querendo a todo custo fugir daquele lugar "cruel"...

Por ironia ou não do destino, ainda me lembro da minha primeira quiometerapia, afinal fora em meu aniversário de 16 anos. Eis a única data que guardei daquela época, nem tanto por ser a primeira quiometerapia e sim por ser na data do meu aniversário e as ligações me desejando sorte por parte de meus amigos foram tantas que jamais poderia esquecer...


E agora, chega desse assunto! Apesar que, se eu tivesse intenção de fazer um livro com minhas recordações não faltariam histórias para se contar, mas bem como essa não é minha intenção vou parando por aqui, já que sou uma jovem cheia de vida e terei muitas outras histórias tristes, bonitas ou lindas para se contar!!!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

....

Está chegando o fim de uma fase,
Meu último fôlego para uma nova vida de opções...
Orgulho ferido, força-me a tentar pensar diferente, ser indiferente
Em meu olhar resta-me a última gota d'agua lançada frente ao meu antigo oceano de ilusões...
No entanto, não tenho a coragem de afirmar que não irei voltar atrás e nadar contra a maré,
já que nossas palavras nos traem mais do que os nossos homens...

Sem amor sinto-me inteiramente mais eu,
Não preciso me dividir com ninguém...
Assim, posso mergulhar em chamas e não me queimar...
Agora sinto o  romantismo dilacerando em meu íntimo
Sou aquele beija-flor que dizias a Jacome, eu não vou mais amar...